sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

sábado, 16 de fevereiro de 2008


Matérias > Classic Rock - Chinese Democracy
Classic Rock Magazine - edição: fevereiro de 2008

Sussurros ChinesesO Chinese Democracy do Guns N Roses é o mais caro e mais fervorosamente aguardado álbum de todos os tempos. Em 2001, o homem que assinou a banda, Tom Zutaut, retornou para ajudá-los a terminar – e entrou num mundo regulado por médiuns, homens-galinha e ‘cocôs caninos’. Em 12 de outubro de 2001, um mês após o ataque à América, e cinco dias depois de bombas da coalizão caírem no Afeganistão, um grupo de músicos sentou à frente de uma TV num estúdio de gravação de Los Angeles e assistiu às notícias. “Milhares de protestantes tomaram as ruas do Paquistão, Indonésia e Irã hoje”, disse o narrador, “enquanto o mundo Islâmico continua a protestar contra o bombardeamento do Afeganistão liderado pelos EUA” A tela mostrou uma polícia violenta atirando gás lacrimejante, fumaça preta surgindo de carros em chamas, protestantes atirando coquetéis molotov. “Milhares de militantes islâmicos entraram em confronto com a polícia na cidade paquistanesa Karachi colocando fogo em carros, ônibus e numa filial da Kentucky Fried Chicken. “Vamos falar com nosso correspondente internacional...” Mas uma das pessoas do grupo já estava de pé. Buckethead não iria mais agüentar aquilo. “Já chega!”, ele gritava, enquanto a tela mostrava imagens do KFC de Karachi com chamas saindo pela janela. “Eles já foram longe demais agora! Eu vou me alistar na porra do exército! Eles não vão acertar a KFC, nem fodendo! Já chega, não posso mais gravar. Vou me alistar no exército – agora nós realmente estamos em guerra.” E assim, ele agarrou seu chapéu de balde da KFC, recolheu algumas coisas do galinheiro especialmente construído para ele, e saiu. Alguns dos caras permaneceram lá por mais um tempo, mas pouco foi feito naquele dia. Não era importante, na verdade. Afinal de contas, o que é um dia quando o álbum no qual se está trabalhando há sete anos, dois anos depois do último prazo estipulado pela gravadora, e milhões de dólares acima do orçamento? O Guns N'Roses tinha começado 2001 com estilo. Uma banda com a nova formação - contando com os guitarristas Robin Finck, Buckethead e Paul Tobias, junto com o veterano tecladista Dizzy Reed, o ex-baixista do Replacements Tommy Stinson e o baterista Brian "Brain" Mantia - tocaram seu primeiríssimo show no dia do reveillon no House of Blues, em Las Vegas. Duas semanas depois, tocaram em frente a 200 mil pessoas no Rock In Rio III, no Brasil. Fazendo uma concessão à imprensa na época, Axl disse a uma estação de rádio no Chile que "esperamos que iremos lançar um novo single mais ou menos durante o inverno e então o álbum estará pronto em Junho ou logo depois". Pela primeira vez desde 1994, quando o trabalho no álbum seguinte aos Use Your Illusions começou - naquela época, a banda tinha o Slash, Duff McKagan e Matt Sorum - parecia que, finalmente, depois de todas as mudanças de pessoas, todas as contratações e demissões e questionamentos da gravadora, a banda estava chegando a algum lugar. Muitas águas se passaram debaixo da ponte, depois de tudo. Slash saiu em 1996; Duff e Sorum em 97. O substituto do Slash, Robin Finck, entrou, depois voltou à sua antiga banda Nine Inch Nails para duas turnês em 1999, e então voltou novamente ao GN'R no final de 2000. O substituto do Sorum, o baterista Josh Freese, tinha saído em 2000. Um segundo tecladista, Chris Pittman, entrou em 1998. Uma seleção de produtores - Moby, Mike Clink, Youth (U2, The Verve) e Sean Beavan (Marilyn Manson, Nine Inch Nails) - vieram e foram, todos parecendo incapazes de entregar um produto final. Mas em janeiro de 2001 - empolgados pela recepção que sua formação de três guitarristas tinha recebido no Brasil e em las Vegas, e em um estúdio de LA com o lendário produtor do Queen, Roy Thomas Baker - Axl estava positivo. No dia 22 de janeiro, ele explicou a demora do álbum para uma rádio Argentina: "Nós não compomos músicas ou gravamos por vários anos", disse ele. "Houve mudanças na banda e houve muitas mudanças na gravadora. Pessoas na gravadora tinham muitas opiniões e eles queriam fazer o melhor álbum possível. Toda vez que pensávamos que tínhamos as músicas corretas, alguém achava que nós poderíamos fazer melhor. Nós começamos de novo. Nós continuamos adicionando músicas, continuamos gravando e gravando. Eu acho que, quando nós realmente lançarmos o álbum, será algo do qual eu terei orgulho e confiança". No dia 12 de março, a assistente do Axl, Elizabeth "Beta" Lebeis, disse a um jornal brasileiro que o disco "será fantástico. Será lançado em junho ou julho. Eles já têm 48 músicas e a gravadora está selecionando o material" Quando julho chegou, o álbum ainda não tinha aparecido. O filho de Beta, Fernando, amigo e ajudante do Axl, deu uma entrevista, comentando as razões por trás da demora do álbum. "É como se, a cada vez que ele tenta fazer algo, dá errado", ele comentou. "De repente, o cara que é responsável por um detalhe técnico comete um erro, por exemplo. Eu posso dizer porque eu estive com ele no estúdio e é inacreditável - é como se algo o empurrasse para longe deste projeto". Você sabe o restante da história: 2001 passou e - salvo por uma meia dúzia de músicas vazadas - o álbum ainda não viu a luz do dia. Ainda assim, sete anos atrás, no final de 2001 - depois de um ano que viu eventos externos assustadores e intrigantes eventos no seu próprio meio - o Guns N' Roses tinha uma versão do Chinese Democracy que estava quase pronta para o lançamento. Esta é a história daquele ano. De Volta À Selva É fevereiro de 2001 e, em algum lugar da cidade de Nova York, o telefone de Tom Zutaut está tocando. Na linha está Jimmy Iovine, fundador da Interscope e cabeça das gravadoras Geffen e A&M, e está perguntando ao Tom - o homem que a Geffen tinha afastado dois anos antes - a mais improvável das questões: se ele iria voltar ao trabalho. Para o Guns N' Roses. "Olha", diz Iovine, "desde que você saiu da Geffen, ninguém tem sido capaz de conseguir um disco do Guns N' Roses. Não só você conseguiu discos deles como também conseguiu álbuns extras que sequer eram parte do contrato. Ninguém pode demandar uma porra de um álbum deles a não ser você! Você faria isso?". Como o relações públicas que descobriu o GN'R, Zutaut (pronunciado "Zu-tot", às vezes ele é chamado de "Zoot") realmente dirigiu a banda através de seus lançamentos até então: o definitivo de uma era Appetite For Destruction, os espichados álbuns Use Your Illusion e os lançamentos entre-safra: Live ?!*@ Like A Suicide, GN'R Lies e o The Spaghetti Incident?. Mas, com a separação da banda, o relacionamento tinha azedado e ele tinha ido trabalhar para a Polygram, passando os últimos dois anos cuidando de jardinagem após ter saído por conta de um desentendimento com o chefe da gravadora. Ele tinha se mudado para Nova York, aproveitado o tempo para conhecer sua filha e até trabalhando voluntariamente no PTA da escola dela. As coisas tinham mudado, Zutaut disse a Iovine. "Eu faria qualquer coisa para ajudar o Axl", ele diz, "mas eu sequer tenho certeza de que ele irá falar comigo. Além disso, minha família está em Nova York e estar sob a vista do Guns N' Roses é coisa de 24 horas por dia, sete dias por semana. Quando você trabalha com o Axl, não há tempo agendado. É começar as 6 da manhã, ou às 3h, ou às 2h. Provavelmente irá causar uma ruptura no meu casamento. Eu não sei”. No dia seguinte, o empresário do Guns, Doug Goldstein, liga. "Eu soube que você falou com o Jimmy", disse. "Nós não sabemos mais o que fazer. Não parece que consigamos ter o álbum finalizado e ele tem coisas ótimas - você estaria disposto a voltar?". No dia seguinte a isso, ele recebe uma ligação em conferência com Iovine e Goldstein. "Que tal você apenas aparecer aqui e ter um encontro com o Axl?", eles pedem. "OK - apenas um encontro", concordou Zoot. E foi assim que Tom Zutaut se encontrou sugado de volta ao mundo do GN'R, sentado em um estúdio em LA alguns dias depois para um encontro com Axl Rose. "E a primeira coisa que ele fez foi me perguntar", relembra Tom. "Ele estava sentado em um sofá no estúdio e eu estava sentado numa cadeira. Ele olhou para mim e disse: 'antes de eu e você fazermos qualquer coisa, eu tenho que saber da verdade sobre Erin Everly'". A Verdade Sobre Erin Everly A filha do Don Everly, do The Everly Brothers, conheceu Axl Rose em 1986. Logo depois, Axl escreveu sua incomum letra suave e sentimental para Sweet Child O'Mine sobre ela ("Ela tem olhos do mais azul dos céus/Como se eles pensassem em chuva/Eu odeio olhar dentro desses olhos/E ver uma pitada de dor"). Havia um amontoado de dor na relação. Tanto Axl quanto Erin tinham um histórico de família disfuncional e as tensões entre eles tornaram-se bate-bocas públicos e discussões violentas. Eles se casaram em abril de 1990 - Everly afirmou depois que ela só aceitou a proposta dele após o Axl ter ido à casa dela às 4 da manhã no seu carro e dizendo que iria se matar se ela não se casasse com ele. A separação inevitável chegou no ano seguinte, com Erin alegando que o Axl abusou dela seriamente (ela entrou com um processo judicial contra ele em 1994, mas fez um acordo fora do júri). Como relações públicas do Gun N' Roses, confidente e mão-de-obras, Tom Zutaut era comumente sugado entre as disputas domésticas deles. "Eu recebia uma ligação do Axl basicamente falando 'eu preciso de sua ajuda, venha aqui agora!'. Então eu ia lá e eles estavam gritando um com o outro e eu levaria Erin de volta para minha casa, com minha esposa grávida, e nós cuidávamos da Erin, acalmávamos ela e, algumas horas depois - ou talvez no dia seguinte - o Axl ligaria e dizia 'Ok, eu estou bem agora: traga ela de volta'. Então eu levava Erin de volta. Isso aconteceu mais vezes do que você pode imaginar". Em 1994, um amigo anônimo do Axl Rose disse à revista People que "Erin se faz de vítima e coloca ele como o agressor malvado. Do que eu testemunhei, ela era a agressora". Zutaut certamente sente que, às vezes, Everly provocava deliberadamente Axl, e eventualmente a questionou sobre isso. "Eu disse a ela: 'muitos garotos não conseguem se desvincular de coisas com que cresceram. Mas nós temos que tentar e aprender com nossos pais e fazer melhor. Eu não vou mais ficar sentado aqui e ver você culpando o Axl por tudo, pois a verdade é que se você quisesse sair desse círculo, você sairia. Mas isso requer que você o deixe ou requer que você pare de culpá-lo. Quero dizer, vocês precisam entrar em uma terapia ou algo assim". Como ela recebeu esse conselho? "Ela ficou realmente fula comigo", afirma Zutaut. "Então a resposta dela foi voltar ao Axl e afirmar que eu tinha dado em cima dela". Hoje, Everly tem uma aliada improvável: Beta Lebeis, a empresária pessoal do Axl. Entrevistada para essa estória, Beta diz que acredita na Erin: "ele realmente fez", ela diz. O que quer que seja a verdade, apesar da relação antagônica e abusiva, Axl acreditou em Everly. "Eu coloco essa desconfiança pessoal entre o Axl e eu", disse Zutaut. Não foi a única relação que se desentregou. Durante o mesmo período, Axl estava vagarosamente se afastando de todos os membros da banda. "Durante a composição e gravação do Appetite, era mais um processo colaborativo de todo mundo. Mas do Use Your Illusions em diante, a banda fazia as coisas dela e então o Axl aparecia e colocava a cobertura no bolo", afirma Zutaut. "Ele trabalhou no seu próprio horário e ninguém era realmente permitido no estúdio onde o Axl estivesse". Mas quando se trata em finalizar álbuns, Axl percebeu que ele não poderia fazer tudo por si só. "Durante a mixagem dos Use Your Illusions, eu recebi uma ligação do Axl", declara Zutaut. "Eu estava no Havaí, de férias, e ele na verdade me pediu desculpas e disse 'olha, em detrimento daquela coisa que aconteceu com a Erin - quer você tenha feito ou não - não há ninguém em quem eu confie mais com o som e pegada do Guns N' Roses do que em você. Além de mim mesmo, ninguém entende a não ser você. Eu não consigo finalizar esse álbum sem sua ajuda - eu preciso de você agora". Sensibilizado, Zutaut novamente tentou assegurar Axl de que ele não tinha mexido com sua ex-esposa. "E ele estava tipo 'eu não sei se acredito em você - ela é uma mulher linda e eu acho que você provavelmente cantou ela mesmo. Mas eu não ligo, eu não estou com ela mais e preciso de sua ajuda'". Entendendo Axl Dez anos depois, em 2001, Axl precisava novamente da ajuda de Zutaut para finalizar um projeto. Mas não antes de Zoot tentar explicar novamente o que aconteceu entre ele e a ex-mulher do Axl. "Depois que eu disse a ele, ele falou: 'posso realmente acreditar nisso - você jura por Deus?'. E eu disse 'ela era uma mulher linda, mas eu não tinha atração física por ela de jeito algum'. Eu disse: 'a única razão de eu ter a levado para minha casa foi porque você me pediu ajuda. Eu não tinha interesse algum nela. eu estava com medo de que você a machucasse e então ela ligasse para os policias e as coisas iriam ficar fodidas para a banda e para você. Mas eu a peguei quando você me ligou porque você era meu amigo. Eu nunca esperei que nós fossemos amigos. E isso realmente me quebrou. Nós éramos inseparáveis por dois anos e eu estou ajudando você, e então essa mulher me morde o traseiro mentindo a você e você ainda não acredita na verdade” “E ele dizia ‘não consigo acreditar que essa puta mentiu pra mim’”, diz Tom. “Ele finalmente me olhou e disse ‘OK, nós tiramos isso do caminho – agora podemos seguir em frente’”. Tendo derrubado o primeiro obstáculo, Zutaut então tinha que provar que poderia ajudar no estúdio. “Ali estava o Axl que conheci em 1985 novamente”, diz Tom. “Um cara que tinha uma visão e queria gravar o melhor álbum jamais feito. E nós conversamos e ele disse ‘Eu vou ao estúdio e digo a eles o que quero e eles dizem que têm o que eu quero e então quando eu ouço eu me desaponto’ Ele continua ‘Parece que ninguém entende minha língua’”. Os dois sentaram e conversaram por 6 horas direto enquanto Axl o colocava a par da situação de Chinese Democracy. Completamente informado, no próximo dia Zoot foi ao estúdio sem Axl. A primeira tarefa dada a ele pelo cantor era de ajudar no som de bateria da faixa-título do álbum. Axl disse aos caras do estúdio que queria o mesmo som de bateria de Dave Grohl em “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. A equipe de produção alegava ter, mas Axl não se satisfazia. Zutaut pediu a Roy Thomas Baker e o engenheiro para tocarem o que tinham e concordou com Axl. “Vou dar uma pausa, mas volto”, Tom disse a eles e então fez a única coisa sensata a ser feita: “Saí e comprei o Nevermind na Tower Records da região”. De volta ao estúdio eles compararam os dois e trabalharam fazendo o baterista do GN’R soar exatamente como Dave Grohl. “Eu acho que talvez eles tenham ouvido os hits do Nirvana no rádio e eles apenas pensaram que conheciam o som, mas nenhum deles pensou em simplesmente comprar o álbum e ouvi-lo.” Eles mandaram o trabalho terminado a Axl, que ligou a Zutaut logo em seguida: “Eu simplesmente tenho pedido isso por, tipo, seis merdas de meses!”, ele disse. “Você não entende: eu estou perdendo a porra da minha cabeça! Eu te peço uma coisa e consigo. Eu peço a outras pessoas e não consigo?!” Zutaut passou no teste. “Eu queria ter chamado você há alguns anos”, Axl disse a ele. “Você pode vir aqui e fazer isso?”. Zutaut disse que havia falado com a Interscope/ Geffen sobre isso – ele iria, no final das contas, trabalhar para eles e não para Axl – e apenas dois anos antes ele os havia deixado numa circunstância menos que amigável. Uma semana depois as duas partes estavam tentando chegar a um acordo sobre remuneração quando Axl ligou a Zutaut: “Ele disse, ‘Estou pouco me fodendo sobre o dinheiro, seja quanto for. Eu apenas sei que preciso de você aqui para avançar, porque eu estou andando em círculos há 6 meses. Eu vou falar pra eles para darem o que você quiser se eles quiserem o álbum’”. E ele falava sério. “O único compromisso que fiz”, diz Zutaut, “foi que eu adiaria uma parte do dinheiro para conseguir entregar o disco num certo prazo – o que é claro eu perdi.” “Mas na época eu achava que conseguiria sem problemas. Era como uma repetição de Use Your Illusion e Appetite. Eu sei o que Axl quer, sei como tirar da equipe que está lá, RTB [Roy Thomas Baker] e eu trabalhamos juntos na gravadora Elektra por 2 anos, sabe, sem problemas!” “Então, adiando uma parte do dinheiro para uma data engatilhada para entrega do disco, a Interscope salvou algum dinheiro e tinha meu serviço, e todo mundo ficou feliz.” Mas antes que pudesse começar a trabalhar, havia um pequeno problema de ter sua aura aprovada por Yoda... Uma rápida visita ao Sistema de Dagobah. No começo de 2007, um boletim do Templo Budista Kelowna em British Columbia, Canadá, era uma das poucas publicações a noticiar a morte de uma das pessoas mais próximas de Axl. Num trecho intitulado “As memórias do amor e dos corações que ela tocou durante sua breve vida se preservam. Uma dama eloqüente a recente falecida Sharon Midori Tanemura Maynard – anteriormente de Kelowna – se foi em Sedona, Arizona, em 18 de Janeiro de 2007.” Yoda estava morta. Co-fundadora (com seu marido, Elliot) da Corporação Arcos Cielos, um centro de pesquisa sem fins lucrativos em Sedona, Arizona, ‘criada para o desenvolvimento de Novos Paradigmas em Ciência, Educação, Artes Finas, Ecologia Global, Desenvolvimento do potencial Humano e Tecnologia Futuro-Ciência’, Sharon Maynard – apelidada de ‘Yoda’ por cínicos do campo do GN’R – chegou à vida de Axl no começo dos anos 90. “Axl meio que se sentia atraído por pessoas envolvidas em fenômenos paranormais.” Relembra Zutaut. “Houve meio que uma médium/terapeuta que fez uma terapia de vidas passadas, regressiva, transgressiva – sei lá o que. E ela levou Axl por uma jornada de vidas passadas, se você acredita nesse tipo de coisa. E então isso levou Axl a encontrar Sharon Maynard, a infame mulher que olhava fotos de pessoas e falava a Axl se ele deveria ou não trabalhar com elas...” Em 2000 a Rolling Stone fez um artigo sobre Axl comentando que “Doug Goldstein tem que juntar fotos por instrução do cantor para avaliação paranormal. Em Sedona, alguns acham, Yoda examinaria tais fotos.” Zutaut confirma que isso aconteceu. “Você tinha que ser examinado. Você tinha que arrumar uma foto preto e branca e dar à assistente de Axl e então você seria examinado e te diriam se você podia ou não trabalhar com ele. Ela lia aura e coisas assim. Tudo que sei é que ela viu minha foto e me liberou para trabalhar com ele”. Zutaut acha que a prática não deve ser tão maluca ou sinistra quanto pode soar para muitos: “Por mais difícil que seja de acreditar, tudo tem um tipo de energia. Digo, seres humanos tem uma fagulha divina de algum tipo: energia positiva, energia negativa, a bondade, o maldade, Caim, Abel, seja como você quer colocar. Eu sei por mim mesmo que eu posso sentar numa sala com algumas pessoas e me sentir totalmente energizado, e eu posso sentar numa sala com outras pessoas e elas me sugam. Eu acho que todos nós tivemos experiências assim.” “Então, Axl é um dos seres humanos mais sensitivos que eu já conheci. Algumas vezes ele é quase tão hipersensível que faz dele frágil. Assim, ele gosta de se esconder várias vezes. Mesmo quando eu assinei a banda, Axl tinha seu próprio quarto [‘na HellHouse’ (casa do inferno) que ele dividiu com o resto do GN’R] e ele se recolhia lá e ninguém o incomodava. Era trancado e o resto da casa podia estar numa completa miséria – velhas embalagens do Burger King, sujeira, lixo, chame do que quiser – mas o quarto de Axl ficava imaculado. Era seu santuário.” “Então ele é hipersensível e eu acho que no seu interior ele acreditava que aquela mulher de Sedona podia ler a energia de pessoas por fotografias se elas iam sugá-lo ou energiza-lo. E isso soa meio maluco, mas talvez ela pudesse.” Então o método deu certo? Pessoas eram examinadas e ele se rodeou por boas pessoas? “Ironicamente, não deu certo no final.” Zutaut admite. “Quando você cria milhões de dólares como algo como o GN’R cria, você é rodeado por pessoa que se alimentam de você: aduladores, vampiros psíquicos, e todo o resto. Então, de um lado eu acho que muitas más pessoas foram filtradas – não é que haja qualquer pessoa malevolamente ruim em volta dele - mas há pessoas cujos meios de vida são totalmente dependentes de seus (do Axl) momentos de genialidade ou insanidade.” No meio do tempo de Zutaut lá, Axl decidiu que eles estavam rodeados por energia negativa e deveriam visitar Shraon Maynard. “Axl achou que seria uma boa idéia ir a Sedona para que Shraon pudesse checar a saúde de nossa energia catártica e nos limpar de impurezas que poderiam estar nos atrasando”, diz Tom. “Axl estava perseguindo energia negativa e achava que estava nos impregnando. Isso estava tão aparente da parte dele que a equipe do estúdio estava tirando sarro dele nas suas costas, enquanto ele não estava lá.” A outra nova mulher na vida de Axl compartilhava de suas crenças espirituais. Elizabeth ‘Beta’ Lebeis se juntou a ele em 1993 como sua assistente (ela é agora sua Administradora Pessoal). Perguntada se acredita em vidas passadas por um jornal brasileiro em 2001, Beta comentou, “Sim, acredito e Axl também. Como uma brasileira eu acredito nisso. Eu acho impossível que duas pessoas que nunca se encontraram se entendam tão bem. Quando eu abri a porta e ele estava lá, eu senti que o conhecia por anos.” Axl deixou claro o quanto eram próximos no Rock In Rio III em Janeiro de 2001. Quando as últimas notas de Pradise City se encerraram, Axl voltou ao palco com Beta. Ela foi a tradutora por toda a noite e ela começou a traduzir seu discurso de encerramento para a grande platéia. “Eu gostaria de dizer que sem o amor e apoio de uma pessoa – acima dos outros – eu não estaria aqui hoje” disse Axl e enquanto ele falava Beta percebeu que era dela que ele falava. “Na América pelos últimos 7 anos”, ele disse, parando para abraçá-la, “eu fui apoiado e carregado e cuidado ...a banda foi cuidada...Ela caminhou todo passo do caminho, por ensaios, gravações, contratos e o pé no saco que eu sou.” Beta traduziu, soluçando, enquanto ele continuou: “Eu fui cuidado pelos últimos 7 anos por uma família brasileira. Esta é Elizabeth Lebeis – Beta – minha assistente e seus 3 fantásticos filhos Alex, Vanessa e Fernando. Ela tem sido uma mãe pra mim, minha empresária, minha outra assistente... Eu agradeço a ela e agradeço a todos vocês por ela.” Beta Lebeis foi babá e governanta para a modelo Stephanie Seymour quando ela e Axl começaram a namorar no meio de 1991. Quando eles romperam em 1993, Beta explicou numa entrevista, “Ela mudou para Nova York e Axl me chamou para trabalhar para ele. E eu aceitei porque entre Axl e ela, eu sempre tive certeza que queria ficar com ele. Ele me valoriza muito mais que ela...Stephanie é bonita e sexy, ela pode ter o homem que quiser. Ela usa homens como brinquedos. Você já viu uma criança com um brinquedo novo?Ela brinca e então não quer mais brincar.” “Não havia nada que Axl não fizesse por Stephanie Seymour”, diz Tom Zutaut, “Ele realmente achava que eram almas-gêmeas e ele se despedaçou quando ela o deixou. Axl é um ser humano sensível de qualquer jeito e num de seus momentos mais vulneráveis, Beta do Brasil estava lá para fazer ele superar aquilo. Ela serviu de mãe, o nutriu, e ela provavelmente fez mais por ele do que sua mãe real em muitos sentidos porque sua mãe real nunca o protegeu o padrasto abusivo...” A mãe natural de Axl morreu em Maio de 1996. Quatro anos antes, Axl contou à Rolling Stone como terapia regressiva ajudou-o a entender seus sentimentos por ela. “Eu tenho trabalhado muito e descobri que tenho um enorme ódio por mulheres”, ele disse. “Basicamente, eu fui rejeitado por minha mãe desde que fui bebê. Ela escolheu meu padrasto em detrimento a mim desde sempre que ele esteve por perto e me via sendo espancado por ele.” “Quando eu entrei em sua vida ele começou a descobrir que alguém se preocupava com ele e o amava”, disse Beta à imprensa brasileira. “Sou uma pessoa paciente. Eu confio nele e ele não confiava nele mesmo. Não sou psicóloga, mas ele precisa de uma pessoa que ouça o que ele tem a dizer e estou aqui para ele.” Oito anos cuidando de Axl deu a Beta uma posição única na vida de Axl, dizem alguns. (Beta mesmo uma vez disse: “Eu não saio se ele não pode estar em contato comigo 24hs por dia”) “Beta – que começou como sua governanta (housekeeper) – agora é sua porteira (gatekeeper)” alega Tom Zutaut. “Tudo tem que passar por Beta. Você não pode falar com ele sem ligar para ela e ela o fazer ligar de volta de uma linha bloqueada e ela que paga todo mundo - tudo é tocado por Beta. Até mesmo Doug Goldstein, o empresário, não tem mais acesso a seu artista – tem que passar por Beta. Ela é tipo a presidente da Incorporação Axl Rose.” Beta alega que isso é “ridículo”: “Você acha que se quiser ligar pra Madonna você fala direto com ela?” ela diz. “É claro que atendo chamadas. Mas se Axl quer falar com alguém, ele fala. O Merck [Mercuriadis, ex-empresário] telefona pra ele toda hora – ele fala com a banda toda hora. Você sabe, antes disso eu trabalhei para um administrador da Quaker como assistente pessoal. Eu atendia as ligações dele também – não há nada de mal nisso.” Então ela não é a presidente da Incorporação Axl? “Quem me dera!” ela ri.“Não, não sou.” O Retorno de Buckethead Buckethead nasceu como Brian Carroll em 1969 e, aos 13 anos, se mudou para Claremont, California, onde teve aulas de guitarra com o futuro guitarrista do Mr. Big, Paul Gilbert, por um ano. Na época em que se juntou ao Guns N' Roses em 2000, ele já havia lançado cinco álbuns solo de funk metal disfuncional e guitarras fritadas, construindo uma considerável base de seguidores, particularmente entre guitarristas. Com sua máscara branca(com ares de Michael Myers do filme Halloween) e um balde da KFC como chapéu, Buckethead era basicamente o pólo oposto/negativo da imagem do guitarrista de cartola, de fácil compreensão, Slash - e um inspirado substituto por esta razão.(Por um tempo o rumor entre esperançosos fãs do GN'R era de que Buckethead se tratava do Slash disfarçado. Até hoje Paul Gilbert é perguntado se ele é o Buckethead.) Na época em que Zutaut se juntou ao projeto do Chinese Democracy, Buckethead havia saído, frustrado pelo o que ele viu como a falta de atividades da banda. Axl o queria de volta. Então Zutaut arranjou um encontro entre Brian/Buckethead em uma deli de LA e ouve enquanto o guitarrista explicava seus motivos para ter saído: ele não se dá bem com Roy Thomas Baker, ele está frustrado com toda a situação - de entrar em estúdio todo dia quando o Axl nem ao menos estava lá, tocando as mesmas partes várias vezes. Axl é seu herói, ele lhe diz, mas ele passou um ano indo a lugar algum. Ele acha que o álbum jamais vai sair e ele simplesmente tinha que seguir em frente com sua vida.
Tom manda para ele: "Olha", ele diz, "Eu tenho quase seis álbuns de coisas do GN'R. Eu converso com o Axl todos os dias, eu me sinto muito bem. Eu acho que consigo terminar o álbum". "Você é um gênio", ele lhe diz, "Eu adoraria trabalhar com você. Você é um dos poucos que podem estar no GN'R e fazê-lo especial da forma que Slash o fez. Eu lhe prometo que estarei no estúdio contigo todos os dias e lhe ajudarei a te ajudar a fazer aquilo que você quer fazer e não irei lhe dizer para ser como o Slash.” O que, Zutaut perguntou, ele poderia fazer para fazer a experiência de gravação melhor para ele? De repente, diz Zutaut, Brian Carroll se transformou perante seus olhos. "Ele entrou no modo Buckethead," diz Tom. "Digo, eu estava falando com Brian, que estava tendo-me como confidente, e de repente ele era o Buckethead e estava me contando histórias de como seus pais eram Galinhas e ele era uma Galinha - como sua mãe era uma Galinha e seu pai um Galo. Eu não conseguia dizer o que era fantasia ou realidade ou com quem eu estava conversando. Mas ele acreditava nisso!" "Então é como se Brian houvesse voltado e ele meio que dizia, 'Você sabe, eu gostaria de fazer um filme sobre a história da minha vida e como eu fui criado em um galinheiro - é o único lugar aonde eu realmente me sinto confortável'." Eis que Tom tem uma idéia. "Bem, você me contou como você não se sente bem em um estúdio," ele diz, "E se eu lhe construir um galinheiro no estúdio para você gravar suas partes de guitarra?" O queixo de Brian cai: "Você faria isso mesmo?" "Bem", diz Tom, "É o meu trabalho lhe conseguir o que quer que seja que lhe faça tirar o melhor de sua criatividade." "Se eu pudesse ter meu próprio galinheiro no estúdio", diz Buckethead, "meu próprio mundo no qual viver, eu poderia tocar muito melhor." Dois dias depois estava construído. "É como um apartamento dentro do estúdio que é um galinheiro", diz Zutaut, "Ele tem sua cadeira para gravar e um pequeno mini sofá lá, e tem, tipo, uma galinha de borracha com sua cabeça cortada pendurada no teto e partes de corpos. É totalmente o mundo de Buckethead. É como o Halloween no galinheiro: parte galinheiro, parte filme de terror. Nós construímos o ambiente e ele trouxe seus equipamentos e brinquedos e pôs palha no chão! Você quase podia sentir o cheiro das galinhas. "Ninguém era autorizado a entrar lá além dos engenheiros assistentes para ajustar os microfones - você não podia destruir o clima espiritual e cármico do ambiente, seu retiro pessoal. Porém - é uma tela de galinheiro. Você podia ficar do lado de fora e conversar, observar, mas ninguém era autorizado lá dentro, com suas galinhas de borracha e cabeças..." Com Buckethead de volta ao trabalho(Pergunta: Ele vai com a máscara de balde da KFC na cabeça? Zutaut: "Ele tem um balde, mas não o usa sempre - só as vezes para inspiração"), mais uma vez Chinese Democracy é um trabalho em processo com um guitarrista acolhido em um galinheiro, viajando.(Pergunta: Todo mundo o chama de Brian ou Buckethead? Zutaut: "Só Bucket. Tipo, 'E ae Bucket?'") Entrevistada para essa história, Beta Lebeis diz que o galinheiro foi apenas um pouco de diversão. "Em toda banda, pessoas têm sua própria forma de serem criativas - coisinhas que lhe são pessoais," ela diz, "e Buckethead adorava galinheiros. E ele adorava cemitérios - ele simplesmente adora essas merdas. Então foi apenas uma coisa divertida de se fazer... É como Dizzy Reed - ele adora beber aquela bebida, Jagermeister. Então alguém lhe fez esta guitarra enorme que, quando você abria, você tinha Jagermeister lá dentro - só uma coisa divertida. E [o galinheiro] não custou grana alguma - pense bem, é só tela de arame. Você compra o arame e faz isso sozinho. As pessoas falam 'Minha nossa, isso faz parte do dinheiro que foi gasto no álbum.' Não tem nada a ver com isso. É algo que você faz em três ou quatro horas. Só por diversão, pra pregar uma peça em alguém." Conforme as semanas iam passando, a piada começou a perder a graça. "Houve um pouco de tensão criativa com Roy Thomas Baker," diz Zutaut, "Não porque ele estivesse fazendo algo de errado ou não fosse um ótimo produtor ou coisa parecida - mas você sabe que as pessoas têm seus atritos. É como óleo e água. Pode ter sido alguma diferença cultural." Poderia bem ter sido, com Roy sendo um produtor excêntrico, extravagante, Deus do rock Britânico e o Bucket sendo, bem, uma galinha. "Então Buckethead chega e diz que precisa de uma TV para poder sentar em seu galinheiro e assistir pornografia," diz Tom. "E isso parecia realmente inspirá-lo a gravar coisas ótimas. Ele chegava armado com qualquer DVD que fosse que ele precisasse e ele estava fazendo coisas ótimas...” Buckethead estava doidão no seu paraíso aviário quando uma noite Axl aparece no Estúdio. Zutaut: "Axl vê que Buckethead está vendo um filme pornô - e um pornô bem pesado, nada leve para qualquer esforço da imaginação - e Axl fica realmente perturbado com aquilo." Axl pergunta a Zutaut a quanto tempo isso estava rolando e porque isso estava acontecendo. Ele achava a idéia de construir um galinheiro "legal" mas aquilo? "Ele disse que a música é questão de energia e nós estamos transferindo um clima e espírito criativo para a música," diz Zutaut. "Ele disse, 'Eu realmente não posso ter o clima de pornografia suja e depravada fazendo parte do meu disco - não é sobre isso que esse disco fala sabe?’” "Axl acredita firmemente que a energia ou alma de qualquer um envolvido no processo aparece no resultado artístico final - então ele trabalha duro para ter certeza de que o que entra e sai é puro e certo em sua visão. É por isso que Axl sempre foi muito perturbado com o uso de heroína dos ex-gunners e o efeito que isso tinha em sua criatividade." Então - como ninguém era autorizado a entrar no galinheiro, nem mesmo Axl - ele chama Bucket para fora para terem uma conversa sobre como não é legal assistir esse tipo de coisa. "Então Axl sai e Bucket ficou muito desanimado," diz Zutaut. "Ele desapareceu por alguns dias, pois ele estava muito abalado por conta disso. Não porque ele estava com raiva ou porque ele achava que podia assistir ao o que ele quisesse. Eu acho que era mais por causa das implicações emocionais que Axl lhe trouxe: que não era certo se inspirar por merdas como aquelas." Como se isso não fosse esquisito o suficiente, houve também uma ocasião onde Buckethead pareceu ter se inspirado pela merda em si. Axl, diz Zutaut, tinha um casal de Cães Lobos - três quartos lobo Timber e um quarto cão - e durante as gravações os cachorros tiveram filhotes. Quando a filha de Zutaut foi ao estúdio, Axl lhe ofereceu um filhote, pois ela havia perdido o seu recentemente. Dois dias depois ele trás um filhote. "Ainda estava bebendo o leite da mãe, não poderíamos levá-lo logo de cara - ainda precisava ficar uns dois meses sendo amamentado - e era a coisinha mais linda," diz Tom, "mas ele entrou no galinheiro e fez cocô. E como ninguém era autorizado a entrar lá, esperamos que o Buckethead chegasse para pedir permissão para limpar. Então Bucket aparece mais tarde para trabalhar em suas partes de guitarra, então ele estava microfonado para que pudéssemos gravar e ouvimos pelos falantes,'Oh, eu adoro cheiro de cocô de cachorro...'" "Então nós ficamos tipo, 'Okaaaaaaaay...' Roy Thomas Baker ou um dos engenheiro disse, 'Bem, Bucket, nós ainda temos que limpar isso aí' e Bucket diz 'Não tirem isso daqui. Eu adoro o cheiro de cocô de cachorro - deixe isso aqui, não deixem ninguém tocar nisto.' Três dias depois o estúdio fedia muito a cocô de cachorro, então , finalmente o estúdio não podia mais tolerar aquilo e o cocô foi limpado. Quando Bucket chegou no dia seguinte, ele estava como 'Onde está meu cocô de cachorro cara? Eu falei para eles não limparem.' E ele estava chateado que haviam limpado o cocô... E enquanto isso, o cocô do filhote de cão Lobo havia lhe inspirado por alguns dias a fazer um ótimo trabalho..." Zutaut nunca pegou o filhote - ele ainda tinha mais uns três meses pela frente para ser desmamado e ele saiu do projeto antes disso. Novos Olhos Em Um Clube Secreto Zutaut se estabeleceu no trabalho do dia-a-dia para deixar o disco pronto. Sentindo como “Novos olhos em um clube secreto” ele viu quanto tempo e dinheiro estava sendo desperdiçado. ”Uma das coisas que a Interscope queria que eu fizesse era dar uma olhada no orçamento,” ele diz “e tentar entender para onde esse dinheiro estava indo. Então, você sabe, isso me levou um mês. Uma área onde tinha uma quantidade astronômica de dinheiro sendo desperdiçado era em equipamento alugado. Havia muitos equipamentos sendo alugados que não estavam sendo utilizados. É um pouco de luxo ter uma Les Paul de 59 a não sei quantos mil dólares por mês quando não estava nem mesmo sendo usada. Talvez um dia há três anos atrás eles precisaram desse equipamento, mas agora a faixa onde ele foi tocado não é nem ao menos considerado mais, o equipamento ainda está lá parado, e a empresa de aluguel ainda está ganhando seu dinheiro. Nós pagamos o suficiente em aluguel para ter comprado! Minha lembrança é de que poderíamos ter salvo cerca de 75 mil por mês do orçamento...” O horário irregular do Axl também causava seus problemas. “Ele iria ao estúdio uma ou duas vezes por semana,” diz Zutaut, “e então nós talvez tivéssemos que ficar lá por duas semanas pois ele ficava lá pra trabalhar em suas coisas.’ Ou ele chegava lá às 4 da tarde e ficava até a meia noite do dia seguinte. Isso não me incomodava pois foi assim que o GN’R sempre fez. Seja com Axl, Duff, Slash, Izzy ou quem for – quando esses caras querem gravar, você os grava. Eles não estão em um calendário – isto não é um trabalho de rotina de escritório pra eles.” Acostumado aos métodos do Axl, Zutaut não estava muito preocupado com isso – mais com o efeito causado nas pessoas ao seu redor. “Músicos, engenheiros, caras do Pro Tools, engenheiros assistentes – com toda honestidade, essa porra de gente está sendo bem paga pra caralho e estavam com seus rabos sentados sem fazer nada pois o Axl não ia ao estúdio e eles não conseguiam falar com ele ao telefone. Então você tem esse monte de gente chupando dinheiro dele sem fazer nada. Girando em suas cadeiras – inventando coisas para se manterem ocupados.” A parte do lado administrativo, 95% do trabalho de Zutaut era ouvir todas as músicas. “Há em torno de 50 ou 60 músicas em 4 ou 5 CD’s com 12-15 músicas cada. Eu tinha que ouvir essas músicas e então sentar com o Axl e trabalhar com ele para selecionar e escolher quais valiam mais a pena serem terminadas.” Um trabalhador noturno, Axl recebeu um monte de faixas nas quais eles haviam trabalhado durante o dia para que ele pudesse ouvi-las à noite. Então, quando ele acordasse às duas ou às três da tarde, ele ligaria para Zutaut ou RTB e diria o que ele gostou ou não. Lentamente o álbum estava tomando uma forma. “Estávamos terminando faixas,” confirma Tom. “Fazendo overdubs com Buckethead e Robin Finck e algumas coisas com Tommy Stinson. Eu sinto que tínhamos boas versões finalizadas de The Blues, Madagascar, Chinese Democracy. Atlas Shrugged estava muito legal. Nós substituímos muitas das baterias: por causa da crença do Axl de que o disco deveria ser a energia das pessoas envolvidas no processo de criação, nós tínhamos que substituir as baterias do Josh Freese. E sua bateria era espetacular. Eu não gostaria de estar no lugar de Brain. Basicamente nós falávamos para ele “Nós temos aqui uma brilhante performance disto e gostaríamos que você recriasse isto.” Ele reconhece um pouco do trabalho que fez nas versões que vazaram? “Algumas coisas são as mesmas e outras diferentes. Por exemplo eu ouvi uma versão que vazou de Chinese Democracy que tem uns teclados bem esquisitos nela e eu não gosto nada do som daquilo. O material que trabalhamos em 2001 era muito melhor. Mas é muito perigoso tentar comparar o que vazou: não sabemos se isso foi intencional, não sabemos quem vazou. Poderia ter sido uma mixagem de teclado feita para que o tecladista aprendesse suas partes...” Uma música causando problemas era Madagascar, cujos samples do famoso discurso “I have a Dream” de Martin Luther King – um sample o qual eles ainda não tinha autorização de uso na época de Zutaut no disco.” ”Axl sentia que aquele discurso em particular está no centro da mensagem que ele quer passar naquela música,” diz Zutaut, “e ele me disse que se o discurso de Martin Luther King não fosse liberado para estar na música, ela não iria para o álbum. Eu subseqüentemente descobri que os direitos da gravação do discurso pertenciam à Universal então eu pensei – Coretta King [esposa de Martin Luther King] já faleceu – então a não ser que seus filhos sejam violentamente contra a associação com Axl Rose, a Universal poderia dar um jeito nisso.” Black Hawk Down Um mês depois, Axl demitiu Zutaut em uma exibição prévia do filme de Ridley Scott, Black Hawk Down. O diretor queria usar Welcome to the Jungle no filme, e negociações começaram para ver se o pessoal do filme aceitaria usar uma versão da música re-gravada pela nova formação. Uma disputa interna centrada ao redor do bom-senso de se fazer tal coisa. Beta Lebeis afirma que Axl estava relutante em re-gravar, dizendo a Zutaut, “’Ouça, nós estamos fazendo o álbum – agora temos que parar e fazer isso [é muito difícil]’.” Por sua parte, Zutaut afirma que a música já havia sido gravada pela banda: “Parte do processo indutivo de Axl para sua nova banda era que eles regravassem cada música do Appetite,” ele diz. “Então teríamos que apenas tirar um dia para mixar a música.” É difícil explicar porque Zutaut foi demitido por Axl, mas tem relação com o fato do Axl ter pedido por uma exibição privada do filme (um pedido padrão). Quando ele encontrou estranhos por lá, ele achou que Zutaut havia lhe enganado quanto à natureza da exibição prévia. “Ele disse, ‘Quem é essa porra de gente aqui?’” diz Tom. “Eu fui informado de que essa era minha exibição privada e eu não sei quem é essa porra de gente! Eu não acredito que você mentiu pra mim sobre isso – você disse que era uma exibição provada! Você está demitido!” Zutaut, no entanto, afirma ter sido armado por alguém que queria lhe descreditar. Uma acusação negada pelo lado de Axl Rose. Seja qual for a verdade, Zutaut estava fora do álbum. Roy Thomas Baker o seguiu alguns meses depois. Buckethead se segurou até 2004. Quando ele partiu, a banda publicou o seguinte esclarecimento: “Durante sua estada na banda, Buckethead tem sido inconsistente e irregular, tanto em seu comportamento quanto com seu comprometimento, apesar de estar sob contrato, criando confusões e incertezas, e fazendo ser virtualmente impossível seguir em frente com as gravações, ensaios e apresentações ao vivo com confiança. Seu estilo de vida transiente fez quase que impossível qualquer tipo de comunicação com ele que fosse, mesmo para seus amigos mais íntimos.” E o projeto foi rolando, rolando, rolando...Algumas pessoas agora pensam que Chinese Democracy – com este mesmo título – é considerado um projeto interminável. Por acaso Zutaut acha que Axl pensou nisso como uma piada interna, uma dessas coisas que nunca seguirão adiante? “Não,” ele diz. “E deixe-me colocar isto dessa forma: isso irá aparecer nós quase teríamos democracia na China. Certamente em termos de capitalismo eles estão no caminho...” Não apenas houve uma clara intenção de terminar o álbum, mas a vasta maioria estava terminada, ele afirma: “Na época em que eu saí eu sinto que tinham em torno de 11 ou 12 que precisavam apenas de uma mixagem final. Nós poderíamos ter tido um disco lançado em Setembro de 2002. Eu não acho que isso teria sido um problema. Eu daria mais três meses para mais alguns overdubs e três para mixagem e na pior das hipóteses, lançado na Primavera de 2003.” Em fevereiro de 2004, depois de mais um dedline perdido, Geffen escreveu ao manager do GN’R: “Tendo excedido todos os orçamentos e gravações aprovados por milhões de dólares,” o selo escreveu, “é obrigação do Sr. Rose de custear e completar o álbum, não da Geffen.” Em 2005, o The New York Times chamava o Chinese Democracy de “O disco mais caro já feito”, citando custos de $13 milhões. Naquele período, o DJ americano Eddie Trunk – uma das poucas pessoas a terem conseguido uma entrevista com Axl Rose em anos – afirmou que a demora vinha “não da banda...mas da gravadora. Tem tanto dinheiro preso neste projeto que nos negócios de hoje seria virtualmente impossível [para ele] ser lucrativo, significando que o selo talvez quisesse vendê-lo, mas não conseguia pois ninguém compra mais CD’s. O problema pode não ser mais o Axl desta vez e [isso] talvez deixasse o CD no limbo por mais alguns anos por vir.” Beta Lebeis zomba desta idéia. “O álbum foi finalizado antes do natal,” ela diz, “mas todo mundo sabe disso. Nós estamos em negociação agora com a gravadora...” “Negociações” podem incluir a data de lançamento (Zutaut diz que ele o lançaria no fim do verão para que fosse um grande álbum em vendas no natal) ou algo mais moderno – em uma era que vê Radiohead dando álbuns de graça online, é suficiente lançar um álbum como o Chinese Democracy da maneira “tradicional”? E, mesmo se eles quisessem, o álbum tem o hit-single necessário para conseguir alcance mundial?(“É um ótimo disco do Gn’R,” diz Zutaut, “mas ele tem um grande single? Pois sem o hit você não consegue vender 20 milhões.”) Em um press-release datado de 14 de Agosto de 2002, Axl avisa: “Se você está esperando...não o faça. Viva sua vida. Esta é a sua responsabilidade, não minha. Se não for pra acontecer você não terá perdido nada. Se em fato acontecer você talvez ganhe algo que funcione para você – no fim você ganharia de qualquer forma. Mas se você quer mesmo esperar, tente prender seu fôlego esperando por Jesus, pois ouvi dizer que a recompensa será muito maior.” “Este álbum é a vida do Axl,” diz Beta. “É a fortuna dele. Tudo está investido neste álbum. Então para que as pessoas digam ‘Oh Axl, lança logo isso’ – não é bem assim. Eu gostaria que dependesse apenas de nós, mas não depende. E algum dia ele contará a história...”
===P&A===
Quem é Zoot? Tom Zutaut descobriu o Motley Crue quando trabalhava como Executivo de Vendas para a gravadora Elektra em Los Angeles, em 1982. Promovido a relações públicas, ele assinou com o Metallica, Dokken e Tesla e, em 1985, ele tinha conseguido assinar tantos sucessos que apenas sua presença em um show de uma banda chamada Guns N' Roses ajudou a começar uma guerra para contratá-los. Até agora, ele é o único Relações Públicas que conseguiu um álbum do GN'R. "Tom foi uma figura tão importante na coisa toda", afirma Marc Canter, amigo de escola do Slash e insider do GN'R que recentemente documentou os primeiros dias da banda em seu aclamado livro Reckless Road (www.recklessroad.com). "Na verdade, o Tom não produziu o álbum, ele era mais como um produtor executivo", afirma. "Ele assistia a coisa toda para ter certeza que eles conseguiriam o som que queriam - ele os estava dirigindo. Ele os colocou na MTV. Ele os manteve juntos. Ele conseguiu fazer com que usassem a linguagem que usavam, pois na época apenas algumas poucas bandas de rap usavam palavrão. Isso quebrou barreiras e o Tom foi responsável. Ele provavelmente deveria ter mais créditos do que realmente tem". Quem são os GN’R? Membros Atuais: - Dizzy Reed: O único membro sobrevivente – além de Axl – da época do Use Your Illusion o tecladista aparece com destaque nas faixas vazadas “The Blues” e “There Was A Time”, bem como no lançamento oficial de 1999, “Oh My God”. Ele também é creditado como co-autor (com Chris Pittman) de “Silkworms”, um rock industrial que veio à tona em um ou dois shows. -Tommy Stinson: O baixista Stinson – um ex-membro do The Replacements, ao lado de seu irmão Bob – entrou no Guns N Roses no final dos anos 90, e ele tem servido como diretor musical da banda desde então. Gravou um álbum solo durante a feitura de ...Democracy - Richard Fortus: Um ex-membro do Psychedelic Furs e Love Spit Love o guitarrista base Fortus ganhou seguidores entre os fãs mais ardorosos do Guns do por sua forte presença de palco. Com o som cheio de camadas que Axl demonstra estar procurando nas faixas vazadas, é difícil saber quem está tocando qual guitarra base, então suas contribuições estão difíceis de definir. Entretanto, seu ascendente solo final em “The Blues” sugere que ele é o que, entre os três guitarristas, mais se aproxima do som característico de Slash. - Ron ‘Bumblefoot’ Thal: Tendo se juntado à banda depois de um (muito) breve aviso em 2006, até o momento Bumblefoot só tem sido ouvido em faixas ao vivo, substituindo Buckethead como guitarrista solo. Entretanto, ele contribui no álbum; se ele regravou o trabalho de Buckethead ou teve um papel menor ainda é desconhecido. - Robin Finck: Axl surrupiou o primeiro de seus dois guitarristas-solo da banda de turnê do Nine Inch Nails no final dos anos 90. O estilo distinto de Finck é facilmente identificado nas faixas vazadas, com sua distorção suja (fuzzy) e riffs cortantes na linha de frente de faixas como “Chinese Democracy” e “I.R.S”. Seus solos no estilo de “T.W.A.T” e “The Blues” não são tanto exibições técnicas quanto picos emocionais nas músicas, como John Frusciante ou David Gilmour. - Chris Pittman: O segundo (!) tecladista do novo Guns colaborou anteriormente com Tool e Replicants. Seu envolvimento com a banda data do final dos anos 90. Suas contribuições podem ser ouvidas em várias faixas vazadas (notavelmente numa mixagem com mais sintetizadores de “Better”) - Frank Ferrer: Última adição ao conjunto, o baterista Ferrer foi recrutado por Richard Fortus, pois trabalhou anteriormente com o guitarrista no Psychedelic Furs e Love Spit Love. Membros anteriores -Buckethead: Guitarrista da máscara-assustadora, Buckethead (nascido Brian Carroll) juntou-se ao Guns N Roses um pouco antes de seu retorno no final 2000. Ele imediatamente fez sua presença ser sentida, adicionando camadas de virtuosismo psicodélico a “I.R.S” e “Better” e um solo final verdadeiramente épico em “T.W.A.T”. As coisas não deram muito certo entre as personalidades igualmente voláteis de Buckethead e Axl e o guitarrista saiu formalmente da banda em 2004. - Bryan ‘Brain’ Mantia: O baterista Mantia foi trazido por Buckethead em 2000: a dupla já havia trabalhado junta no supergrupo de funk experimental Praxis, bem como nos discos solo do guitarrista. A bateria de Brain pode ser ouvida na maioria das faixas recentemente vazadas, incluindo “Better” e “There Was a Time”. Ele deixou a banda em 2006 para passar mais tempo com a esposa e a filha recém-nascida. Com Frank o substituindo na formação da turnê – e as recentes colaborações de Brain com Buckethead – não é certo se ele ainda é um participante ativo da banda. “Brain?” diz Beta. “Nós amamos Brain. A razão de ele não estar lá foi por causa do bebê e nada a ver com Buckethead. Nós mantemos contato com Brain uma ou duas vezes por semana, ou a cada duas semanas.” - Josh Freese: O requisitado baterista trabalhou com o Guns N Roses de 1997 a 2000, nessa época escrevendo a faixa título de Chinese Democracy e tocando no lançamento oficial de 1999 “Oh My God”. Demos iniciais de “IRS”, “There Was A Time” e “Catcher In The Rye” são atribuídas a seu trabalho. Durante a torturante gestação de Chinese Democracy ele também encontrou tempo para se associar ao técnico de guitarra do GN’R Billy Howerdel e formar o A Perfect Circle - Paul ‘Huge’ Tobias: Amigo de infância de Axl co-autor de “Back Off Bitch” para o Use Your Illusion I e depois contratado para substituir Gilby Clarke como guitarrista base nos anos 90; suas contribuições em “Sympathy For The Devil” são alegadas de terem incitado Slash a sair da banda. Ele saiu em 2002 para ser substituído por Richard Fortus. - Gary Sunshine: Depois de trabalhar como professor de guitarra de Axl, sua breve participação no Guns N Roses foi vista com a gravação de frases de guitarra (licks) para o único (até o momento) lançamento oficial da banda nova, a tingida de industrial “Oh My God”, de 1999. - Também estrelando... Tanto Dave Navarro quanto Brian May também trabalharam no CD...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007